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Exposição

RICARDO NEWTON

RICARDO NEWTON

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        RICARDO NEWTON

        Os diversos figurativismos concebidos desde o imagismo sintetista rupestre, na Pré-história Paleolítica, até o sincrético e versátil hibridismo pop e a reprodução direta e fidedigna do hiper-realismo, no século 20, causaram mais que incisiva e densa polêmica sobre se o realismo verdadeiramente expressivo e representativo é o que denota contemplatividade passiva e apenas descritiva, ou o que exprime interferência subjetiva, perscrutadora, metafórica, algo ficcional. Consequência também coerente e irreversível desses figurativismos, tão significativa, relevante e decisiva semanticamente quanto o questionamento teórico-crítico das peculiaridades temáticas, formais e estilísticas dos mesmos, foi a procura de iconografia que não só controvertesse as fórmulas e convencionalismos escolásticos rígidos e ortodoxos do academismo, mas também definisse um figurativismo realista com proposição de inovadora representatividade.

        Instigada também pelo desenvolvimento dos abstracionismos informalistas, que, excluindo da pintura a relação de objetividade com a exterioridade, suscitaram a retomada desta em concepção não-idealista, antifantasismo e mais veraz, a pesquisa de um neo-realismo surtiu efetivas afirmações com as pioneiras acuidades imagísticas de Andrew Wyeth e sobretudo de Edward Hopper, que depuraram uma abordagem antropológica bem diáfana devido a comunicabilidade do seu cunho psicológico, sentido intimista, propósito coloquial. Nas narrativas de Wyeth e de Hopper, as caracterizações precisas, exatas, dos contextos ambientais e das situações têm nítida influência na sugestão dos tipos humanos e dos seus estados interiores.

        Atento à expressividade humana e na realidade geral, comum, para refleti-la, pelo flagrante espontâneo, não-premeditado, da sua manifestação insólita, inédita, inesperada, ou pela captação planejada, procurada, da sua característica típica, representativa, Ricardo Newton filiou-se à proposta consolidada por Wyeth e Hopper de consecução de um realismo social com sutil permeabilidade psicológica. Com senso de repórter documentarista do rito diário da vida individual ou coletiva urbana, ele registra pessoas isoladas ou conjuntas, próximas ou distantes, enfocando-as em enquadramentos ora afastados, amplos, abrangentes, discretos, ora aproximados, reduzidos, particularizadores, detalhistas, e nos quais as composições e colorismos das cenas integram pessoas e ambiências diferentes numa mesma, invariável significação fundamental. Autêntico cronista-intérprete da rotineira e automatizada existência cotidiana citadina, Ricardo delinea a subjetividade dos personagens desta existência não só pelas expressividades das suas circunstâncias, comportamentos, atitudes, mas também desde o tipo de presença, na imagem, da cidade-sistema de vida, mecanismo determinante de emoção, sentimento, relacionamento, ensimesmamento, solidão. Na sua pintura, o rosto psicológico do indivíduo, grupo, comunidade, época, é sugerido pela forma de correlação das situações psicológicas com a realidade da metrópole.

João Carlos Cavalcanti

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JOÃO CARLOS CAVALCANTI

Solar Grandjean de Montigny - Centro Cultural da PUC-Rio
E os artistas:
Aída Boal
Aloysio Novis
Antônio Carlos Vieira
Cristina Padão Gosling
Elso Arruda Filho
Ethel Araújo
Lauro Cesar Jardim
Lúcia Avancini
Maria de Lourdes Ferreira
Martha Pontes
Ricardo Newton
Sandra Passos
Sebastião Rodrigues
Sônia Taunay

Solar Grandjean de Montigny
Museu Universitário
Rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea | RJ
Telefone: 21 3527-1435
Tel/fax: 21 3527-1434
e-mail: solargm@puc-rio.br
www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/solar

Entrada Franca