ALOYSIO NOVIS
A PROPRIA PINTURA COMO TEMA
Aloysio Novis restringiu ao próprio e específico contexto semântico da pintura a sua incisiva e densa especulação sobre o movimento de transformação da composição como vetor de plasticidade pura, integral. Nas variantes correlações dos grafismos gestuais, emotivos, com diversificadas formas embrionárias, com cores intensas, vibrantes, polarizadas, e com a matéria pictórica acentuada, eloquente, NOVIS reflete a dinâmica da mudança como um componente absolutamente imprescindível na caracterização da arte plástica.
Em bem determinante proporção, esta dinâmica é exarcebada , ressaltada, que faz com que suas pinturas pareçam permanentemente inconclusas, não-definitivas, sempre instigantes, em contínuo processo de concepção, como que demonstrando que a pesquisa ininterrupta pela forma, fundamentalmente perquiridora, reflexiva, questionadora, crítica, é o próprio sentido, finalidade ou razão da criação artística. Para NOVIS, é na organização estrutural do grafismo com a forma elementar, com a cor primária e a matéria -textura rústica, ou seja, na pintura em si, exclusivamente, não-representacional, que se encontra a composição por excelência, o resultado verdadeiramente pictórico, a consecução da plasticidade genuína, típica. Portanto, na concepção de NOVIS, tanto nas pinturas quanto nos desenhos, a arte plástica tem condição, organicidade e exigências de caracterização bem próprias, totalmente inerentes, que não são relacionáveis com peculiaridades da natureza ou da realidade exterior. Cabe à consciência estética discernir, distinguir e interpretar esta diferença.
João Carlos Cavalcanti
|