AÍDA BOAL
As versáteis criações de Aída Boal não exprimem apenas bem caracterizadas concepções de desenho industrial por seu lúcido senso de harmonização da exata proporção estrutural com conveniente comunicabilidade estética e eficaz funcionalismo utilitário.
Porque, como exemplares de satisfatórios usos prosaico e ornamental, integram, com justeza e apropriamente, uma elegante e suave simplicidade de formas e volumes construtivos com um bom-gosto estilístico ciosamente depurado, sóbrio, gratificante, as suas produções são mais que eficientes soluções pragmáticas para heterogêneas necessidades e exigências de comodidade e conforto. A adequada conjunção, nas diversificadas compleições das suas peças, de exoquível emprego prático e efetiva aplicabilidade decorativa, valorizando-se com a categoria de objetos ambientais dotados de consistente e marca cultural com suas expressividades visuais e seus usos cotidianos.
O conceito de móvel com objetiva utilização, que Aída Boal propõe atende-se não só ao determinante requisito da imprescindível boa funcionalidade, mas também ao da deleitável fruição estética, é coerente consequência da sua prática profissional da arquitetura, bem como da sua acurada sensibilidade de programadora visual e artista plástica talentosa. Tanto quanto concebe seus móveis com dimensões , formatos e pesos desde a previsão das suas amplas possibilidades de mobilidade e aproveitamento espaciais, Aída Boal também define suas materialidades, conformações e respectivos efeitos visuais considerando a correlação do rendimento estético com contingenciais composições ambientais. Com intuitiva desenvoltura, Aída Boal articula o movimento , a flexibilidade e a graciosidade das linhas curvas e sinuosas com a logicidade e a estabilidade do geometrismo das retas, quadrados, triângulos, círculos, ovais, originando uma essencial síntese de estilos em que transparecem sutís alusões à racional regularidade clássica, à emotiva organicidade barroca colonial, à ritmada plasticidade do "art-decô", conciso despojamento formal Bauhaus. A par com sua condição de produto próprio para satisfação trivial, o móvel é apreciado, admirado e encarecido como uma espécie de espetáculo, meio de estabelecer uma lúdica relação com a pessoa, que o torna quase uma parte da sua subjetividade.
João Carlos Cavalcanti
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