A artista plástica “Tininha”, Teresa Cristina de Souza Ribeiro, inaugura mostra individual de suas telas no Solar Grandjean de Montigny – Centro Cultural da PUC-Rio.
A pintora expõe suas telas, motivadas pelo poema de João Cabral de Mello Neto “Tecendo a Manh㔹, nas quatro salas do Solar. O trabalho é fruto de sua busca ao longo dos últimos dois anos. Chegou a hora do diálogo da artista com o público que poderá apreciar em linguagem plástica sua atitude poética para com a arte.
Ao longo de 15 anos de trabalho, Tininha se dedica à gravura e à pintura, tecendo formas que se encorpam em tela, que se erguem em tenda, onde entrem todos na “manhã toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão”. Após muitas mostras de suas gravuras, a pintora aparece, impelida pela poesia, tecendo também uma nova manhã em sua carreira.
¹ Tecendo a Manhã João Cabral de Mello Neto
Teresa Cristina Maria – “Tininha”
O grande embate entre emoção e razão tem na arte seu campo mais humano e fascinante. Os artistas que se lançam a esses dois campos, se não afundam na loucura, ou mesmo nela, saem e retornam a ele com muito que mostrar e dizer a todos nós, espectadores privilegiados e protegidos da embriaguez do confronto. Certezas há poucas, se é que alguma existe.
Talvez a única certeza que impele o artista é a de que deve buscar. Aquele que se mune de soluções já muitas vezes experimentadas, por mais hábil que seja, nos cansa, esvazia, decepciona. Buscar é o que Tininha faz sempre, com sinceridade, sem pretensões ou ares de superioridade. Uma artista fascinante!
Visitar sua oficina de trabalho é mergulhar em um mundo fértil de formas, cores e texturas. Conversar com ela sobre seu trabalho e sobre o que a impulsiona na arte é percorrer o tempo sem fronteiras. É visitar a obra de Caravaggio, Velazques, Cézanne, Picasso, Matisse, Sam Francis, De kooning e tantos outros iluminados.
O fluxo criativo é constante, variado, surpreendente. Quando as obras de grande formato sugaram suas energias, ela se recupera criando quadros pequenos de pasta e manchas vigorosas.
Esta exposição no Solar Grandjean de Montigny é uma oportunidade para observarmos o que pode produzir quem não se repete, quem busca em si mesma uma verdade que se mostra transparente. A de que a sensibilidade e a simplicidade de uma artista são seus guias em sua busca. É ver como sempre haverá uma nova manhã sendo tecida, como na poesia de João Cabral de Mello Neto.
Robson de Barros Granado – agosto de 2006
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