Urian Agria de Souza e Marcelo Cardoso Gemmal
Pintura - Desenho - Escultura

É significativo que artistas de gerações distintas mantenham um nível expressivo de interlocução. O interesse mútuo pelo trabalho de cada um se deu ao longo dos muitos anos de convivência na PUC-Rio, onde Urian lecionava e Gemmal estudava Comunicação Visual. Era o início dos anos noventa.

Apesar da transferência do professor para Recife e da conclusão do curso por Gemmal, eles mantiveram e aprofundaram um intenso diálogo, centrado nas questões da pintura, da arte e da cultura brasileiras.

Por um lado, Gemmal canta o cotidiano (profano) carioca, incluindo seu humor específico. Jovem de seu tempo, seu trabalho é referenciado por várias formas advindas de outras tecnologias, como por exemplo a computação gráfica, o desenho animado e o cinema. Seus olhos retiveram também a visão de importantes artistas de nosso passado recente, principalmente os artistas dos anos 20 e anos 30.

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Urian, por outro lado, há aproximadamente quarenta anos navega o universo mítico-místico afro-indígena de nosso povo. Vindo de Belém do Pará para o Rio, ainda adolescente, as novas informações e a vivência urbana carioca dos anos sessenta reforçaram o que era maior em sua formação: o mítico-místico. A alma ancestral da humanidade se recriando aqui.

O antigo professor identifica ainda uma grande afinidade entre os dois: além de se distinguir pela determinação com que definiu e desenvolveu o seu trabalho, Gemmal tem sido um pólo de concentração de um grupo de artistas de sua geração da PUC-Rio. Nessa sua atitude, Urian identifica um "grande irmão", já que seu próprio trajeto é marcado profundamente pelo mesmo espírito tribal e agregador.

Esse é o nosso alimento essencial: reunir, agregar para refletir, debater, compartilhar idéias e ir a público para que se complete o circuito criador. Sendo a Universidade um lugar privilegiado de criação que se expande no tempo, é exatamente aqui que escolhemos para esse encontro.

Entrada franca