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Em "Amador Perez - Gabinete de Estampas", o autor, que utiliza o desenho como linguagem para discutir questões relacionadas à reprodução da obra de arte, agora trabalha com a tradição da linguagem da gravura, redimensionando a discussão anterior. A exposição é composta por dezesseis gravuras, onde foram utilizadas combinações de técnicas de gravura em metal (ponta-sêca, água-forte e água-tinta) e serigrafia. As gravuras foram produzidas entre 1999 e 2001 e elaboradas a partir de trinta desenhos (a grafite, produzidos entre 1985 e 1991) baseados nas imagens reproduzidas em doze cartões postais (uma seleção de obras de arte de diversos períodos, baseada na memória afetiva do autor), que serão expostos juntamente com os desenhos e as gravuras.O trabalho de gravura foi realizado em parceria com Agustinho Coradello (preparação das matrizes e impressão) e Lula Perez (tratamento das imagens digitalizadas nas gravuras em água-tinta e serigrafia), que assinam as gravuras juntamente com Amador Perez.
Conferencistas: Agnaldo Farias Participantes: Amador Perez (na mesa redonda com conferencistas) Data: 19 de outubro de 2001.
Amador Perez nasceu em 1952 no Rio de Janeiro, onde reside e mantém ateliê. Graduou-se em Projeto Gráfico pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é professor da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ) e da PUC-Rio (Departamento de Artes e Design). Várias de suas obras pertencem a instituições como o Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), Museu Antonio Parreiras (Niterói), Museu de Arte Contemporânea da USP, Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (Campinas), Museu da Pampulha (Belo Horizonte), Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Porto Alegre) e Universidade de Essex /Coleção de Arte Latino-Americana (Inglaterra). Nas décadas de 1970 e 1980 participou de salões de arte onde obteve, entre outras premiações, o 1º Prêmio de Desenho do 8º Salão Carioca de Arte e o 1º Prêmio "Governador do Estado" do 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea. A partir de 1973 realizou diversas exposições no Brasil e no exterior, destacando-se as individuais no Museu de Arte Moderna - Rio, Museu Nacional de Belas Artes, Centro Cultural Cândido Mendes e Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro), Museu da Inconfidência (Ouro Preto), Instituto Moreira Salles (São Paulo e Poços de Caldas) e Escola Internacional de Gráfica (Veneza); e as coletivas, "O Rosto e a Obra" (Galeria do IBEU), "Brasil Desenho" (FUNARTE), "Velha Mania" (Escola de Artes Visuais - Parque Lage), "A Imagem do Som" (Chico Buarque, Gilberto Gil e Tom Jobim - Paço Imperial), "Caminhos do Desenho Brasileiro" (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), 21ª Bienal Internacional de São Paulo, "Destaques da Arte Brasileira Contemporânea" e "Panorama da Arte Atual Brasileira 90 - Papel" (Museu de Arte Moderna de São Paulo), "Gráficos do Brasil" (Museu Omar Rayo - Cidade do México e Museu de Arte Contemporânea - Bogotá), "23ª - 24ª Feira Internacional de Arte de Colônia" (Alemanha), "1ª Feira Internacional de Arte Contemporânea do Japão" (Yokohama), "Arte Contemporânea Brasileira Sobre Papel" (Museu de Arte Yan Huang) e "Papel do Brasil - Arte Contemporânea" (Palácio dos Trabalhadores) (Pequim). Em 1983 publicou um livro com os desenhos das série "Nijinski: imagens", reproduzidos também em 1988 na forma de posters. Em 1999 lançou "Coleção do artista", uma visão retrospectiva de sua obra.
Amador Perez, exímio desenhista, transita agora pelos meandros da gravura e nos apresenta, nesta exposição, suas mais recentes experiências. O traçado leve e preciso do desenhista enfrenta a dureza da matriz da gravura e a domina, resultando num 'desenho gravado' que surpreende o espectador e o impacta. Amador ousa, trabalhando com recortes de imagens e na sua suposta similitude com os originais. São dípticos, trípticos e múltiplos onde as figuras revelam detalhes inusitados, instigando o olhar do espectador a criar fenômenos visuais infinitamente mais belos, variados e verdadeiros do que os do modelo original. É quase um 'jogo da memória', onde os elementos reconhecíveis se investem de novo significado através do jogo de luz e sombra e da sutil inserção de elementos geométricos, de linhas, de objetos e de planos de cor. Por vezes Amador 'suja' os desenhos originais para realçar detalhes que, de outra forma, passariam despercebidos. As gravuras são iluminadas pelo uso de cores primárias, secundárias e metalizadas, criando uma afinidade instantânea entre luz e cor. O que é luminoso e o que é iluminado compartilham com o desenho e com seu suporte e os modificam. As paisagens, os interiores e as figuras, inteiramente incolores, aparecem totalmente coloridas por meio de efeitos luminosos que, através da cor, interagem e se opõem, criando, por vezes, um clima de mistério, de abandono e de solidão. Subjugado pela dimensão surpreendente dos múltiplos, o olho passeia à procura das imagens nos seus lugares originais. A forte presença do vazio, o branco e o cinza, a distorção e a fragmentação, o recorte e a transposição, a seqüência alterada criam um certo desconforto visual. O olho precisa exercer sua vitalidade, alternando entre os cheios e os vazios, unindo os opostos na totalidade de um mesmo espaço e um mesmo tempo. É essa a criação de Amador Perez. Apelando para o jogo contínuo entre a imagem recriada e o olho do espectador, entre a cor e a luz, o artista revela a inquietação daquele que sempre busca o novo, sem capitular nos percalços dos novos materiais e das novas técnicas.
"Francisco Faria diz que a impressão inicial de releitura, no meu trabalho, por estar lidando com imagens reconhecíveis da arte, não se sustenta e que, para além disso, existe uma consistência emocional própria, original." "... é uma vontade de recriar o intangível ou de trabalhar sobre essa idéia do simulacro que é a reprodução. Esse jeito de desenhar tem uma relação com todo o meu processo de trabalho, que o Fernando Cocchiarale chamou de recriar imagens através da observação de fantasmas fotográficos." "... o papel é matéria fértil para a nossa imaginação (...) é um trabalho de desenho e de gravação de imagem que remete a uma combinação de princípios da gravura (...) quero voltar a experimentar outros materiais e técnicas (...) pois os novos projetos devem exigir outras linguagens." Condensados dos textos dos críticos Frederico Morais e Fernando Cocchiarale para o livro "Coleção do artista" Frederico Mendes de Morais Fernando Cocchiarale |
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