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Padre Juan Antonio Guerrero, novo assessor especial da Reitoria, lança livro Conversa no Espírito, que traz prefácio do Papa Francisco

Data de publicação: 06/05/2024

Assessoria de Comunicação da PUC-Rio
Texto: Renata Ratton (VRAc)

Foto do Pe. Guerrero, S.J., e do Pe. Anderson Antonio Pedroso, S.J. O jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves se junta à equipe da PUC-Rio como um dos assessores especiais do Reitor - Foto: divulgação

O livro Conversa no Espírito: Discernimento e Sinodalidade, de autoria dos jesuítas Juan Antonio Guerrero Alves e Óscar Martín López, foi lançado no dia 30 de abril no Espaço Francisco – Casa de Inovação da PUC-Rio, com a presença do Reitor da PUC-Rio, Pe. Anderson Antonio Pedroso, S.J., de vários jesuítas que trabalham e colaboram com a Universidade, além de autoridades, professores, estudantes e funcionários.

Editado em português, espanhol e italiano, o livro foi prefaciado pelo Papa Francisco e chega num momento em que a Igreja e a própria Universidade se renovam na busca por promover, cada vez mais, a escuta e a transparência em processos institucionais.

Foto de Pe. Juan Guerrero, entre o Reitor da PUC-Rio e o Pe. França Pe. Juan Guerrero palestrou sobre sua obra Conversa no Espírito - na foto, entre o Reitor da PUC-Rio e o Pe. França - Foto: Antonio Albuquerque, Núcleo de Memória da PUC-Rio

Durante três anos, findos em dezembro de 2022, Pe. Guerrero, S.J., atuou como Prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano, cargo popularmente conhecido como Ministro da Economia. Homem de confiança do Papa Francisco, teve importante papel na implantação de uma gestão econômica mais transparente para a Santa Sé. Agora, ele se junta à equipe da PUC-Rio como mais um Assessor Especial da Reitoria – atualmente são cinco.

– Os jesuítas têm um modo de proceder que é muito espiritual, com discernimento e pensamento profundo, mas também bastante prático e inovador. É próprio da Companhia de Jesus agir como um corpo, e as obras confiadas a ela, como a PUC-Rio, sempre recebem reforço, atenção e disponibilidade apostólica. A vinda do Pe. Guerrero demonstra a disponibilidade que nós jesuítas temos para ir aonde somos necessários. Naturalmente, por ele ser economista e ter grande experiência administrativa, poderá nos auxilar com as reformas que já iniciamos: transparência financeira, transparência de processos, transparência de demandas; nos ajudar a implementar o Plano Estratégico 2024-2030, que está em preparação, tudo isso pautado por uma governança ética. Temos que ser uma universidade atualizada, realmente preparada para os desafios contemporâneos. E ele é um grande jogador, eu diria da Champions League – elogiou o Reitor.

Padre Juan Antonio Guerero, S.J., se mostrou impressionado com a PUC-Rio, em especial com o campus e a pesquisa:

– Eu tenho experiência com outras universidades pelo mundo, mas normalmente não tão bonitas. A natureza se impõe... O campus não tem comparação. A pesquisa também é muito impressionante. Fiz uma virada, conheci projetos interessantíssimos, declarou.

E com uma abordagem leve, mas esclarecedora, falou sobre a iniciativa do livro e os principais conceitos da conversação no Espírito.

– A história deste livro é um acidente. Eu estava fazendo sabático em um centro de espiritualidade no Paraguai, depois de sair do Vaticano. O Óscar, que escreveu comigo, estava há 40 anos naquele país e colaborava com sua diocese no processo sinodal. Em uma ida ao Brasil, para a etapa continental, protagonizou a conversação espiritual e recebeu um convite dos bispos brasileiros para escrever sobre o método, bastante benéfico para as reuniões. Eu não pensava em participar, e até resisti um pouco, mas passeávamos todas as noites e falávamos espiritualmente, porque eu estava ali para cuidar do espírito. Falando, falando, escrevemos. É fruto das nossas conversas, leituras e estudos.

De acordo com a obra, na conversação espiritual, a escuta deve ser ativa e vulnerável: ativa, para que se possa extrair o que o outro quer dizer; vulnerável, para que se possa mudar pré-compreensões, a partir do ponto de vista do outro. Os indivíduos devem falar em pé de igualdade, desconsiderando cargos, idade...

– Na escola do Espírito, todos somos aprendizes. É preciso ainda que cada ouvinte saia de si mesmo e compartilhe o que tiver em comum, sem se sentir maior ou menor do que o outro. Quando se quer encontrar a vontade de Deus, é preciso colocar entre parênteses a vontade própria. É difícil, mas talvez seja o mais importante para descobrirmos, também em nós mesmos, algo não conhecíamos. Também é importante diminuirmos o ruído externo, os grupos de pressão, as vozes que falam dentro de nós, os lobbys, a opinião pública. Por fim, é necessário renovarmos a missão com o amor ao mundo e não o amor ao mundano, embora não faça sentido rejeitar o que é mundano, já que o mundo é nosso lugar de missão – concluiu o padre.

Foto do Pe. França Ex-professor do autor, Pe. França elogiou a importância dada ao Espírito Santo na obra - Foto: Antonio Albuquerque, Núcleo de Memória da PUC-Rio

Padre Mario de França Miranda, S.J., Emérito da Teologia e ex-professor de Guerrero, se disse muito feliz com o valor dado ao Espírito Santo:

– Eu sou fanático pelo Espírito Santo. No fundo, o Espírito Santo é muito mais importante do que qualquer sacramento. Ele é, de fato, a ação do Deus em cada um de nós... Hoje, vivemos num mundo de muito barulho, de um tempo acelerado, tanto que é difícil encontrar momentos em que o silêncio nos põe em união com o próprio Espírito Santo que está em nós. Não percebemos. A Bíblia é a palavra de Deus ou é a palavra humana? É a palavra humana. É a ação do Espírito que nos faz ver a palavra de Deus – reiterou padre França.

Padre Paul Schweitzer, S.J., Professor Emérito da Matemática observou que a capa da edição brasileira manifesta, de maneira concreta, a sinodalidade da Igreja, com imagens de grupos de trabalho.

Foto do Padre Paul Schweitzer Padre Paul Schweitzer elogiou a capa da edição brasileira - Foto: Antonio Albuquerque, Núcleo de Memória da PUC-Rio

Antes de dar início à sessão de autógrafos, Pe. Anderson lembrou que o Espírito Santo é como um grande ambiente em que se respira, assim como a Universidade, que convida à profundidade, à escuta, à abertura:

– A conversação espiritual é uma prática que podemos adquirir, exercitar, e eu acho que o livro vai nos ajudar bastante. Eu quero propor, para a PUC como um todo, aprofundar o método. Vou entrar em negociação com o autor – disse o Reitor.

Foto com Pe. Guerrero na sessão de autógrafos Pe. Guerrero, na sessão de autógrafos que lotou o Espaço Francisco - Foto: Antonio Albuquerque, Núcleo de Memória da PUC-Rio

Leia o prefácio do Papa Francisco


Sobre o Pe. Juan Antonio Guerrero Alves (1959, Mérida, Extremadura, Espanha)

Em 1979, ingressou na Companhia de Jesus. É licenciado em Economia, Filosofia e Teologia. De 1994 a 2003, foi professor na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Pontifícia Comillas de Madrid, nas áreas de Antropologia e Filosofia Social e Política. De 2003 a 2008, foi Mestre de Noviços da Companhia de Jesus das províncias da Espanha. De 2008 a 2014, foi Provincial da Província de Castela e Vice-Grão-Chanceler da Universidade Pontifícia Comillas (2008-2012). De 2014 a 2016, foi Ecônomo da região de Moçambique da Companhia de Jesus. De 2017 a 2019, foi Delegado do Padre Geral para as casas internacionais de Roma (que incluem a Universidade Gregoriana, o Pontifício Instituto Bíblico e o Pontifício Instituto Oriental) e conselheiro geral. Em 2020-2022, foi Prefeito da Secretaria de Economia da Santa Sé (Ministro da Economia do Vaticano). Desde 2023, é Diretor do Centro de Espiritualidade S. Inácio em Salamanca, Espanha.

É autor de numerosos artigos e de um par de livros tanto no campo da Filosofia Social e Política quanto no da Espiritualidade Inaciana. Entre eles, recentemente publicou no Brasil: Conversa no Espírito: discernimento e sinodalidade, Edições CNBB, 2023.

Na sua formação, passou pelo Centro de Estudos Superiores de Belo Horizonte, hoje FAJE. Além disso, estudou na Universidade Pontifícia Comillas, na Universidade Autônoma de Madrid, no Institut Catholique de Lyon e no Boston College.


Assista: Lançamento do livro "Conversa no Espírito: discernimento e sinodalidade"


Prefácio do Papa Francisco

Queridos irmãos, obrigado por compartilharem este livro comigo antes de ser publicado. Pelo que dizem na introdução sobre a sua gênese, vejo que Óscar conseguiu arrancar o seu companheiro do mundo da economia no qual o tínhamos colocado nesta casa, para o restituir a temas mais espirituais. É muito bonito que da conversa espiritual tenha surgido entre seus autores um livro sobre a Conversa no Espírito.

Embora a discussão seja dedicada sobretudo à conversa no Espírito, que é a metodologia adotada no caminho sinodal, aprecio muito que vocês não tenham ficado no método e no seu funcionamento. Vejo com satisfação que vocês fornecem ao leitor referências históricas suficientes para compreender a profundidade deste método e tudo o que ele põe em jogo para se transformar verdadeiramente numa experiência de escuta do Espírito. Vocês salientam que o método sinodal é uma experiência espiritual, na qual a palavra e a escuta visam garantir que o Espírito Santo seja o verdadeiro protagonista. O desenrolar do livro deixa claro que o caminho sinodal que empreendemos como Igreja constitui uma experiência espiritual pessoal, comunitária e eclesial e, portanto, requer o trabalho individual de cada um dentro de si.

A ideia de conversa como «derramar num leito comum» merece mais desenvolvimento futuro. Na verdade, esta concepção de conversa permite que diferentes pontos de vista enriqueçam esse leito comum. Uma maior dose de conversa na vida da cidade e na vida eclesial nos faria muito bem. Na conversa no Espírito encontramos um caminho participativo orientado para a comunhão e a renovação da missão, que incentiva a participação de todos e acolhe na comunhão e na unidade a grande diversidade que todos somos.

A conversação no Espírito, o discernimento e a sinodalidade consistem, sobretudo, na escuta. O caminho sinodal empreendido pela Igreja é um caminho de escuta profunda. A atitude que vocês sugerem, de “escuta aberta e vulnerável”, é fundamental e muito necessária. De fato, permite que o Espírito nos mova e nos faça mudar, nos faça escolher e nos conduzir a decisões concretas. Se cada um permanecer entrincheirado nas posições que adotou anteriormente, não haverá conversa verdadeira, nem escuta verdadeira do Espírito. Não encontrará nada que possa aprender ou assimilar dos outros e terá medo de qualquer decisão que implique mudanças. Na verdade, só quando nos ouvimos realmente é que saímos enriquecidos e aprofundamos a comunhão e missão.

O capítulo sobre disposições interiores me pareceu particularmente essencial. Como já disse em mais de uma ocasião, a nossa intenção não é convocar um parlamento ou mesmo realizar uma sondagem de opinião. Queremos caminhar juntos como irmãs e irmãos, na escuta do Espírito Santo. Ele é o verdadeiro protagonista do Sínodo. A escuta do Espírito exige uma certa atitude interior. A conversa no Espírito, o discernimento e a sinodalidade só podem acontecer se tentarmos nos esvaziar para nos enchermos do Espírito, se a nossa liberdade for desintegrando as amarras materiais, ideológicas e afetivas, de modo a permitir que o Espírito nos guie com mais eficácia; se cultivarmos em nós atitudes de humildade, hospitalidade e acolhimento, e ao mesmo tempo banirmos a autossuficiência e a autorreferencialidade. Só assim a nossa comunhão e a nossa missão poderão ser fortalecidas.

Vocês dedicam o último capítulo à maneira concreta de conduzir a conversa no Espírito. Explicam o método, a forma de conduzi-la, os aspectos que requerem atenção especial. Este capítulo não deve ser lido como se fosse o culminar do livro. Todo método é um meio para um fim, não o fim. O Instrumentum laboris refere-se também à necessidade de adaptar o método às diversas situações, para que seja realmente útil. A importância dos capítulos anteriores consiste justamente em permitir que a metodologia seja bem elaborada e aplicada.

O Instrumentum laboris sublinhou a necessidade de formação na conversa no Espírito. Parece-me que o livro que vocês apresentaram fornecem materiais úteis para esse fim. Muito obrigado pelo seu compromisso e estou certo de que será uma excelente ajuda em muitos ambientes eclesiais.

Jesus os abençoe e a Virgem os proteja e por favor não se esqueçam de rezar por mim.

Vaticano, 21 de julho de 2023

 

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