Português
Prova objetiva realizada no dia 8/12/1999
Questões

 
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     As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos
remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte,
filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de
Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua.
Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-
rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a univer-
sidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.
     - A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu
emprego único; Itaguaí é o meu universo.
     Dito isto, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo
e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as
leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas.
Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e
Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz
de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele,
caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco,
admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão
Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições
fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com
facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelen-
te vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos
e inteligentes. Se além dessas prendas,  - únicas dignas da
preocupação de um sábio,  -  D. Evarista era mal composta
de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, por-
quanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência
na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
     D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte,
não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da
ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três
anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez
um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores
árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas
às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconse-
lhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre
dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de
Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua
resistência, - explicável mas inqualificável, - devemos a total
extinção da dinastia dos Bacamartes.
     Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as
mágoas; o nosso médico mergulhou inteiramente no estudo
e na prática da medicina. Foi então que um dos recantos
desta lhe chamou especialmente a atenção, - o recanto
psíquico, o exame da patologia cerebral. Não havia na colô-
nia, e ainda no reino, uma só autoridade em semelhante
matéria, mal explorada, ou quase inexplorada. Simão
Bacamarte compreendeu que a ciência lusitana, e particular-
mente a brasileira, podia cobrir-se de "louros
imarcescíveis", - expressão usada por ele mesmo, mas
em um arroubo de intimidade doméstica; exteriormente era
modesto, segundo convém aos sabedores.

 
Machado de Assis. O alienista
São Paulo: Ática, 1982, pp. 9-10.



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O alienista, publicado entre outubro de 1881 e março de 1882, é considerado um dos mais importantes contos de Machado de Assis. A partir da trajetória de Simão Bacamarte, protagonista da estória, Machado constrói um painel da sociedade brasileira de seu tempo, com seus valores, problemas e impasses. Tomando por base o fragmento selecionado, assinale a opção que melhor exprime a intenção do autor.

(A) Valorização da ciência como caminho preferencial para a superação do atraso intelectual do país.

(B) Ironia em relação aos critérios utilizados por Simão Bacamarte na escolha de D. Evarista como sua esposa e genitora de seus filhos.

(C) Apoio aos postulados do pensamento positivista e da ideologia do progresso defendidos por Simão Bacamarte.

(D) Crítica aos hábitos culturais da vila de Itaguaí, em especial à alimentação, fator que contribuía para a dificuldade de D. Evarista em engravidar.

(E) Exaltação do papel do médico como referência de desenvolvimento de uma sociedade.




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Em relação ao foco narrativo, podemos afirmar que:

(A) a narrativa é constantemente interrompida pelos comentários de Simão, o que faz dele o narrador da estória.

(B) alternam-se no trecho narradores de primeira e terceira pessoas, prática comum na ficção realista.

(C) o narrador é de primeira pessoa, onisciente.

(D) o narrador constrói a sua narrativa a partir da leitura dos cronistas de Itaguaí, problematizando a noção de origem e a veracidade dos fatos narrados.

(E) os cronistas da vila de Itaguaí são os verdadeiros narradores da estória, como pode ser percebido no início do texto.



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O texto nos permite afirmar que:

(A) Evarista recusava-se sistematicamente a submeter-se aos tratamentos de fertilidade propostos pelo marido.

(B) Evarista não se empenhava no projeto de ter filhos, pois temia que o marido passasse a dedicar somente ao filho o pouco tempo livre de que dispunha.

(C) Evarista negou-se a fazer uma dieta alimentícia especial, à base de carne de porco.

(D) a devoção ao trabalho ajudou Bacamarte a esquecer um projeto frustrado em sua vida.

(E) o tio de Simão Bacamarte admirou-se de o sobrinho ter escolhido como esposa a viúva de um juiz de fora.



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O texto nos permite afirmar de Simão Bacamarte que:

(A) mudou-se para Itaguaí por tratar-se de um lugar no Brasil onde ainda não havia nenhuma autoridade na área da patologia cerebral.

(B) declinou das ofertas do rei de Portugal, porque não correspondiam a suas expectativas de remuneração.

(C) casou-se com Evarista aos quarenta anos, embora a achasse miúda e vulgar, pois via a sua falta de atrativos como um aspecto positivo.

(D) passou a dedicar-se especificamente ao estudo das doenças mentais somente alguns anos depois de seu regresso a Itaguaí.

(E) era dado a arroubos e explosões de temperamento no cenário doméstico, embora se mostrasse diferente em sua vida pública.



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As expressões abaixo estão dicionarizadas como acepções possíveis para preterir. Qual delas melhor poderia substituir o verbo no contexto em que é empregado no texto (l. 25)?

(A) ultrapassar

(B) omitir

(C) deixar de parte

(D) ir além de

(E) ser ilegalmente promovido



 

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   A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

 


Vinicius de Moraes. Antologia poética. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992, pp.88-89.

 


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A figura da mulher como musa, fonte de inspiração do poeta, é um traço de permanência na literatura brasileira. Seguem-se abaixo trechos de poemas escritos por diferentes autores, em distintos períodos literários, sobre o sentimento que a musa inspiradora provoca no poeta. Aponte a única opção cuja imagem da mulher se distancia por completo da observada no texto 2.

(A) "Anjo no nome, Angélica na cara! / Isso é ser flor, e Anjo juntamente: / Ser Angélica flor, e Anjo florente, / Em quem, senão em vós, se uniformara " (Gregório de Matos).

(B) "Ai Nise amada! se este meu tormento, / Se estes meus sentidíssimos gemidos / Lá no teu peito, lá nos teus ouvidos / Achar pudessem brando acolhimento" (Cláudio Manuel da Costa).

(C) "Se uma lágrima as pálpebras me inunda, / Se um suspiro nos seios treme ainda / É pela virgem que sonhei...que nunca / Aos lábios me encostou a face linda!" (Álvares de Azevedo).

(D) "A primeira vez que vi Teresa / Achei que ela tinha pernas estúpidas / Achei também que a cara parecia uma perna" (Manuel Bandeira).

(E) "E à noite, ai! como em mal sofreado anseio, / Por ela, a ainda velada, a misteriosa / Mulher, que nem conheço, aflito chamo!" (Alberto de Oliveira).



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Com relação ao poema de Vinicius de Moraes, podemos afirmar que:

(A) o uso da antítese, presente no poema, constitui uma marca da tradição do barroco.

(B) a referência a uma natureza bucólica acentua a valorização do pastoralismo neoclássico.

(C) a utilização da rima e da métrica regular aproxima o poema da preocupação formal do parnasianismo.

(D) o eu lírico busca uma visão mística e objetiva do sentimento amoroso, típica da estética simbolista.

(E) a incorporação das conquistas modernistas da fase heróica acentua no texto o humor e a ironia.



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Assinale a única afirmação correta a respeito dos textos 1 e 2.

(A) A opção por um lirismo de tom dramático aproxima os dois textos.

(B) Ambos tratam o sentimento amoroso a partir de postulados racionais e científicos.

(C) No conto, a relação de Simão Bacamarte com D. Evarista é caracterizada por valores contrários aos observados na estética romântica.

(D) Ambos representam a mulher como construção de um imaginário romântico.

(E) No poema, a relação do eu lírico com a mulher é concebida a partir de uma visão do amor já presente nas narrativas naturalistas.



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A oração reduzida no trecho "Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra..." (texto 1, l. 5-6) encontra melhor paráfrase em:

(A) malgrado os esforços de el-rei para que ficasse em Coimbra.

(B) ainda que não pudesse el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra.

(C) mas não pôde el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra.

(D) para que el-rei não pudesse convencê-lo a ficar em Coimbra.

(E) já que el-rei tentou convencê-lo a ficar em Coimbra.



25

Leia os seguintes trechos do texto 1:

• ...estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. (l. 21-22)

• Se além dessas prendas, [...] D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte. (l. 22-26)

Sem alteração das relações de sentido originais, as palavras destacadas podem ser substituídas, respectivamente, por

(A) portanto - visto que

(B) entretanto - portanto

(C) então - se bem que

(D) por isso - não obstante

(E) todavia - sendo que



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Assinale a alternativa em que o termo destacado possui a mesma função sintática de "a total extinção da dinastia dos Bacamartes" no trecho

"e à sua resistência, — explicável, mas inqualificável, — devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes."

(texto 1, l. 36-38)

(A) "D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos." (texto 1, l. 27-28)

(B) "As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico..." (texto 1, l. 1-2)

(C) "Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só autoridade em semelhante matéria..." (texto 1, l. 43-45)

(D) "Por que não voltas, mulher que passas?" (texto 2, l. 22)

(E) "Teus belos braços são cisnes mansos" (texto 2, l. 12)



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Assinale a alternativa em que todos os itens são formados a partir de um verbo.

(A) sentimento, ventania, extinção, mofino

(B) resistência, regressar, cerebral, preocupação

(C) facilidade, pacificar, regularmente, alimentício

(D) fumaça, intimidade, prática, inexplorado

(E) explicável, sabedor, sofrimento, contemplação



28

Assinale a alternativa em que o uso da vírgula é facultativo (desconsidere a possibilidade de substituir a vírgula por outro sinal).

(A) "Oh! Como és linda, mulher que passas" (texto 2, l. 5)

(B) " Teus sofrimentos, melancolia" (texto 2, l. 9)

(C) "...filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas." (texto 1, l. 3-4)

(D) "D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos." (texto 1, l. 27-28)

(E) "... meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência." (texto 1, l. 10-11)




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Leia o período abaixo e as afirmações relacionadas às expressões nele contidas:

O ceticismo constitui uma marca característica do conto machadiano que vem sendo amiúde assinalada pelos estudiosos da literatura brasileira, notavelmente aqueles que se concentram na chamada fase realista de sua obra.

(I) A separação silábica das palavras "machadiano" e "assinalada" é, respectivamente, ma-cha-di-a-no e as-si-na-la-da.

(II) De acordo com as regras de acentuação gráfica, o verbo "constituir" escreve-se "constituía" em uma das formas do passado.

(III) Sem contração de preposição com artigo, a expressão "pelos estudiosos" deveria grafar-se "pôr estudiosos"

(IV) O advérbio derivado de "notável" deveria estar grafado no texto como "notávelmente".

São corretas as afirmações:

(A) I, II e IV

(B) II e III

(C) I e II

(D) III e IV

(E) I e III





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     A Revista Ciência Hoje (volume 16, no. 94, set/out de
1993) promoveu e publicou um debate sobre a causa e a cura
das doenças mentais, do qual participaram profissionais
ligados à psicanálise, à psiquiatria e à psicofarmacologia.
Reproduzimos abaixo a resposta de alguns dos partici-
pantes à pergunta "há cura para doenças mentais?"
     Jurandir Freire (psicanalista): "A cura, entendida
como restabelecimento de um equilíbrio prévio, é uma defi-
nição médica, e isso não existe na psiquiatria. A pessoa pode
ter uma experiência psicopatológica e sair dela desejando
um equilíbrio diferente do que tinha antes. Normalmente, o
que entendo por cura? É a abolição dos sintomas que vêm
fazendo a pessoa sofrer e, em seguida, a identificação com
os próprios ideais, os propósitos de vida ou a busca de
equilíbrio e a satisfação efetiva. Nesse aspecto, há códigos
psíquicos que são mais complicados de se atingirem;
outros, pouco menos. A resposta é sempre singularizada.
Quanto à promessa do que podemos fazer, posso ser
taxativo. A gente melhora bastante o sofrimento das pessoas
que estão atingidas mentalmente. Com o arsenal que temos
em neuroclínica, no plano institucional-hospitalar, no atendi-
mento individualizado, conseguimos muitas vezes favorecer
a pessoa".
     Joel Birman (psicanalista): "Na psicanálise a cura é
problemática por causa dessa idéia de restauração do
estado anterior ao acontecimento. No estado de perturba-
ção, o sujeito perde sua capacidade de produção de normas,
tanto biológicas quanto psíquicas. A função do tratamento
nas perturbações psíquicas é restaurar uma certa
plasticidade do sujeito, para que ele tenha novamente a
possibilidade de novas produções normativas. Tentamos
fazer com que ele se torne mais elástico, com maior capaci-
dade de superação dos obstáculos que se impõem, tanto em
nível social quanto pessoal."
     Marcio Versiani (psiquiatra): "A `cura', o restitutio ad
integrum
, na medicina como um todo, apesar de todo o
progresso atual, ainda é rara. Isso é particularmente válido
para as doenças crônicas, e a maioria dos transtornos
mentais se enquadram nessa categoria. Contudo, se consi-
derarmos que, até a década de 70, a maior parte dos transtor-
nos mentais resultava em importantes graus de permanente
incapacitação - e isso não é mais verdade - , há motivo
para otimismo. Nas depressões e nas diferentes formas de
ansiedade, o avanço foi maior. Com o lítio e os
antidepressores, obtêm-se remissões em dois terços dos
casos. No terço restante, há graus variáveis de melhora. Na
esquizofrenia, o quadro, infelizmente, é mais sombrio -
diferentes níveis de melhora sim, mas raramente a recupe-
ração total. Essas `curas' ou graus de melhora significativos
têm sido obtidos graças à inserção da psiquiatria no mo-
delo médico moderno. Resultados de pesquisa com nú-
meros representativos de pacientes e metodologia adequa-
da (escalas operacionais de avaliação, entrevistas, diagnós-
ticos computadorizados, métodos duplo-cego com controle
de placebo etc.) têm permitido e corroborado esses avanços
terapêuticos."

 

 


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Considerando os comentários feitos pelos debatedores, podemos afirmar que há consenso em torno da idéia de que:

(A) o tratamento das perturbações mentais deve visar ao enquadramento do paciente em certos padrões gerais de normalidade e equilíbrio.

(B) no campo das doenças psíquicas, o sucesso do tratamento depende apenas de sua aptidão para corrigir disfunções biológicas que acometem o organismo do paciente.

(C) o tratamento mais adequado para curar doentes mentais é aquele em que se emprega lítio e antidepressores.

(D) a noção psiquiátrica de cura está vinculada à recuperação do estado anterior à doença, não sendo, portanto, fácil obtê-la.

(E) no que tange às doenças mentais, é em geral inadequado pensar em "cura" como um retorno do paciente ao estado em que se encontrava anteriormente à manifestação do problema.



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Comparando as posições dos debatedores, podemos afirmar que:

(A) enquanto Versiani defende o uso de remédios no tratamento das doenças mentais, Freire se mostra descrente quanto à sua eficácia.

(B) ao contrário de Joel Birman, Márcio Versiani é contra o uso da psicanálise no tratamento dos problemas mentais.

(C) em consonância com Márcio Versiani, Joel Birman acredita que a função do médico é ensinar ao doente determinadas produções normativas.

(D) Jurandir Freire e Joel Birman compartilham a opinião de que é pouco o que se pode fazer para minorar o sofrimento do doente mental.

(E) Freire enfatiza a importância de se considerar, no tratamento da doença mental, a dimensão singular de cada paciente; já Versiani destaca a contribuição do uso de medicamentos.



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Assinale a alternativa em que o termo sublinhado é um advérbio que marca claramente uma opinião:

(A) "...o sofrimento das pessoas que estão atingidas mentalmente." (texto 3, l. 19-20)

(B) "...e sair dela desejando um equilíbrio diferente do que tinha antes (texto 3, l. 10-11)

(C) "para que ele tenha novamente a possibilidade de novas produções normativas" (texto 3, l. 30-31)

(D) " Na esquizofrenia, o quadro, infelizmente, é mais sombrio..." (texto 3, l. 46-47)

(E) "...há motivo para otimismo." (texto 3, l. 42-43)



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Assinale a afirmação correta sobre o período abaixo:

"Contudo, se considerarmos que, até a década de 70, a maior parte dos transtornos mentais resultava em importantes graus de permanente incapacitação — e isto não é mais verdade —, há motivo para otimismo." (texto 3, l. 39-43).

(A) O período contém uma oração adverbial de tempo.

(B) O período contém uma oração objetiva indireta.

(C) O período contém uma oração objetiva direta.

(D) A oração principal do período é "e isto não é mais verdade".

(E) O período contém ao todo 5 orações.



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Assinale a opção em que a oração sublinhada é uma oração adverbial com valor de conseqüência.

(A) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, sem que obtenha resultados mais eficazes.

(B) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, para obter resultados mais eficazes.

(C) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, obtendo, assim, resultados mais eficazes.

(D) Como a psiquiatria tem repensado a noção de cura, tem obtido melhores resultados.

(E) Sempre que a psiquiatria repensa a noção de cura, obtém resultados mais eficazes.



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O uso da expressão "a gente" em "A gente melhora bastante o sofrimento das pessoas que estão atingidas mentalmente" (texto 3, l. 19-20) confere à passagem um tom coloquial, que seria provavelmente considerado inadequado em um texto escrito mais formal, como um artigo científico.

As frases abaixo constituem exemplos de construções bastante comuns no português falado, que não poderiam figurar em textos escritos formais, não só porque, como no caso acima, marcam coloquialismo, mas também porque são vistas como erros ou desvios da norma culta padrão. Marque a opção em que essas construções são, respectivamente, substituídas por outras, adequadas à escrita formal.

(I) Tinha muito menos loucos no século passado.

(II) O tratamento que os doentes mais gostam é o que não envolve internação.

(III) Nos surpreendemos quando descobrimos a lucidez de alguns loucos.

(IV) Desconfiamos muito dos loucos; entender eles é um passo importante para lidar com o problema.

(A) Havia - de que - Surpreendemos-nos - entender- lhes

(B) Havia - com que - Surpreendemo-nos - entender-lhes

(C) Havia - de que - Surpreendemo-nos - entendê-los

(D) Haviam - com que - Surpreendemos-nos - entender-lhes

(E) Haviam - de que - Surpreendemo-nos - entendê-los