História
Prova discursiva realizada no dia 12/12/97
Enunciado das questões e
gabarito.
1
" Ao contrário dos primeiros imigrantes da Virgínia
e de Maryland, os puritanos mudavam-se para Massachusetts como núcleos
familiares: pai, mãe e seus filhos dependentes. [...] Finalmente,
o que é talvez ainda mais significativo, os colonos puritanos aprenderam
a sobreviver. [...] Seus propósitos comuns constituíam mais
uma fonte de fortalecimento e estabilidade. Deus, insistiam, tinha feito
um pacto especial com eles. De sua parte, o Senhor esperava que eles vivessem
de acordo com as Escrituras, que reformassem a igreja ou, em outras palavras,
criassem `uma cidade na colina', que seria para o resto do mundo
cristão como uma faixa de luz de retidão e probidade."
(Divine, Bree, Fredrickson et alli. América, Passado e Presente, p 49) |
A citação acima refere-se ao povoamento da Baía de
Massachusetts, Nova Inglaterra, entre os anos de 1630 e 1640. A partir do
exposto:
1) Explique, a partir da idéia de criação de
`uma cidade na colina', a constituição das
colônias inglesas da Nova Inglaterra.
Resposta:
1) Na citação acima, a idéia de criação de "uma cidade na colina" vem referida, em primeiro lugar, a um desdobramento do movimento reformador da igreja: isto é, vem identificada aos puritanos, protestantes radicais que migraram para as colônias da Nova Inglaterra e que lá adotaram, via de regra, a forma congregacional de governo clerical. Diferentemente de outros grupos presbiterianos, episcopais, anabatistas etc. , os puritanos se consideravam uma nova "faixa de luz de retidão e probidade" para o resto do mundo cristão e tinham como propósito a não separação da Igreja Anglicana, embora desejando uma estrutura mais autônoma.
Junto à autoridade clerical, vinha a autoridade civil na região. Os primeiros governos das colônias também fizeram do congregacionalismo a base para o poder na Nova Inglaterra. Assim, experimentando algumas práticas de autogoverno, a população adulta do sexo masculino quando composta de membros da Igreja Congregacional, podia eleger o governador, os magistrados e representantes locais e, até mesmo, os oficiais militares. As famílias que compunham essas comunidades urbanas construíam suas moradas em lotes de terra distribuídos à volta das casas de convenções, onde se realizavam os serviços religiosos e as reuniões municipais. As rígidas regras de convivência eram permanentemente vigiadas pelos ministros congregacionais.
2) Cite três aspectos que demonstrem como e por que a forma de ocupação dessas colônias diferiu radicalmente daquelas outras formas que caracterizaram a ocupação tanto das colônias inglesas situadas mais ao sul (Virginia e Maryland), como das colônias espanholas encontradas no restante do território americano.
Resposta:
2) Dentre os aspectos que nos permitem caracterizar
Massachusetts, na Nova Inglaterra, como colônia de povoamento, em
contraposição a Virginia e Maryland, colonias situadas mais
ao sul, estão:
. a imigração familiar para a região, desde o início;
. a maior identidade religiosa ou política de seus colonos, gerando grande intolerância em relação aos que se apresentavam como diferentes (ainda que tais colonos tenham sido perseguidos por esses mesmos motivos, nos seus países de origem, na Europa);
. a íntima associação entre os poderes secular e religioso na região;
. a pequena produção familiar de alimentos destinada aos mercados locais;
. a experiência efetiva de autogoverno em alguns casos;
. o desenvolvimento precoce das relações de assalariamento; e
. as produções rural e artesanal bastante limitadas.
Leia com atenção os dois trechos abaixo, extraídos de uma reportagem jornalística:
"O pai de João de Régis era de Pombal, ao sul de Canudos, e tinha vinte e poucos anos quando o Conselheiro passou por lá. `Ele achou bonito aquele jeito do Conselheiro, aquela amizade, aquela vivência', conta João de Régis [90 anos]. Então resolveu acompanhá-lo. A mãe era da região de Canudos e aderiu ao Conselheiro junto com os pais e as irmãs. E como viviam seus pais, em Canudos? `O pai trabalhava de carapina', diz seu João de Régis - `isto é, de carpinteiro, fazendo as casinhas do arraial. A mãe fiava algodão e fazia rede.'"
- ` As rezas dele atrapalhavam a religião.' Mas havia outros também insatisfeitos: - `O povo não queria mais obedecer os coronéis. Até para emprego, era com o Conselheiro.'" (Revista Veja, 3 de setembro de 1997, p.81) |
Os depoimentos de João de Régis e de João S. Santos
nos permitem revisitar as motivações que levaram tantos sertanejos
pobres a seguir Antônio Conselheiro e a construir o arraial de Belo
Monte, na região de Canudos, há cerca de 100 anos.
a) Identifique e explique uma característica, social ou cultural,
da comunidade constituída na região de Canudos.
Resposta:
A religiosidade foi característica marcante daquela comunidade. A pregação messiânica de Antônio Conselheiro - seus discursos sobre a fé e o juízo final e sua prática de cristianismo - sensibilizou a população que constituiu o arraial em Canudos.
Outra característica relevante relaciona-se à organização do trabalho coletivo, tanto na produção e comercialização de gêneros alimentícios, como na defesa da comunidade.
Podemos retirar do texto as seguintes passagens que melhor expressam, respectivamente, as características apontadas: "esse povo do Conselheiro respeitava muito esse movimento de igreja, de santo"; "ele achou bonito aquele jeito do Conselheiro"; "o pai trabalhava de carapina" e "a mãe fiava algodão e fazia rede".
b) Levando em consideração as práticas coronelistas vigentes na região, caracterize os motivos da oposição de fazendeiros e autoridades locais contra o crescimento do arraial de Belo Monte.
Resposta:
Fazendeiros, autoridades governamentais e religiosas se opuseram ao arraial de Belo Monte pelos seguintes motivos:
1) o deslocamento da mão-de-obra das fazendas para o arraial
2) o consequente prestígio da liderança de Conselheiro, em detrimento da autoridade dos "coronéis"
3) a identificação de Conselheiro e seus seguidores como adeptos da Monarquia, em oposição à República recém-instaurada;
4) a não legitimação, por parte da Igreja Católica, das práticas religiosas dos canudenses, considerados fanáticas e distantes dos cânones oficiais
Podemos identificar as seguintes passagens com os motivos acima mencionados: "até para emprego, era com o Conselheiro", "o povo não queria mais obedecer os coronéis", "as rezas dele atrapalhavam a religião".
"Às 8h 15 min da manhã de 6 de agosto de 1945, um
relâmpago de luz tão brilhante como o sol explodindo cruzou
o céu de Hiroshima. Numa flama branca de calor e fogo, milhares de
seres vivos vaporizaram-se na morte; muitos outros ficaram sofrendo e morrendo
lentamente; a mais horrorosa era humana havia começado."
(F.J. Cook, O Estado Militarista, p 296) |
A partir do texto acima, podemos associar a expressão "a mais horrorosa
era humana" com a disputa armamentista entre as superpotências.
Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreram diversos outros momentos
de extermínio.
Identifique 2 (dois) desses momentos, relacionando-os ao contexto da Guerra Fria.
Resposta:
Os momentos de extermínio no contexto de Guerra Fria estiveram vinculados às guerras localizadas, em cujo confronto foi subjacente uma bipolaridade ideológica (capitalismo x socialismo) e/ou geopolítica (EUA/ bloco ocidental x URSS/ bloco oriental).
Podem ser dados como exemplos dessas guerras: 1) a Guerra da Coréia; 2) a Guerra da Indochina, depois Vietnam; 3) as guerras no Oriente Médio (Palestina, Egito, Líbano etc.); 4) as lutas de descolonização na África (Argélia e Angola, dentre outras); etc.