O
Solar Grandjean de Montigny - Centro Cultural da PUC-Rio
apresenta a exposição "Casa da Flor - uma
casa de cacos transformada em flor" , trabalho da Professora
e pesquisadora de Arte Popular Brasileira , Amélia Zaluar,
sobre uma casa situada no município de São Pedro
D'Aldeia, estado do Rio de Janeiro, toda "bordada, interna
e externamente, com pedaços de coisas quebradas, com objetos
usados e imprestáveis encontradas no lixo, com o refugo
das construções locais. Seu autor, Gabriel Joaquim
dos Santos, artista negro e pobre começou a construir
em 1912, só para sí, uma casa pequenina e, a partir
de um sonho tido em 1923, começou a criar para ela uma
decoração luxuriante - flores, esculturas, mosaicos,
colunas e "bordados" pregados à parede com cimento
- formando um conjunto orgânico, sensual e barroco.
Sem recursos para comprar o material necessário
para executar o que tinha em mente, teve a idéia de utilizar
para a produção de beleza aquilo que não
servia para mais nada: cacos de pratos, de garrafas, de copos,
de telhas e tijolos; conchas e pedras; lâmpadas queimadas;
vasos, jarras e bibelôs quebrados; ralos de chão,
correntes, faróis de carro e bicicleta, osso de animais.
Como ele mesmo dizia, fez "uma casa do nada". Numa "bricolage"
sem fim, trabalhou nela até morrer, em 1985.
Essa obra, de um arquiteto e artista intuitivo, sem diploma,
remete a obra, do célebre arquiteto catalão Antônio
Gaudí: a mesma preferência pelos cacos, a mesma arquitetura
visceral, o mesmo "nível de sofisticação"
plástica.
A
exposição se compõe de cerca de 60 fotografias
e de uma planta baixa, que documentam a Casa da Flor, depoimentos
gravados do artista, os seus cadernos de apontamentos, assim como
algumas publicações sobre arquitetura espontânea
no mundo. Essa mostra é um dos eventos que fazem parte
da III Quinzena da Feira de Cultura Afro-brasileira. A
disposição do público, um documento dirigido
à entidade competente, que visa conseguir, através
de milhares de assinaturas, a efetiva preservação
desse bem cultural do país, já, inicialmente tombado
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.
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