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Exposição

"Pipas e Memórias da Infância"

Pipas e Memórias da Infância

Inauguração:
5 setembro de 2000 às 16 horas

Período:
de 5 a 11 de setembro de 2000

Horário:
2ª a 6ª das 9 às 19 h.

Solar Grandjean de Montigny
Museu Universitário
Rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea | RJ
Telefone: 21 3527-1435
Tel/fax: 21 3527-1434
e-mail: solargm@puc-rio.br
www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/solar

Entrada Franca

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O Artista

Pipa
Pandorga, papagaio, pipa
Para o menino empinar
Um pouco de papel de seda
Um bom carretel de linha
Para o menino esticar Pandorga,
Papagaio, pipa
Para o menino empinar
Com as fibras do meu peito
Minha linha vou tecer
Com as cores do meu sonho
Minha pipa vou erguer

Armando Cavalcanti

Morando no Rio de Janeiro, Gregório tem andado pelo Brasil afora, contando histórias e estimulando muita gente a contar suas histórias. Trabalha junto a educadores, pedagogos, professores, psicólogos e outros profissionais interessados nessa arte.

Apaixonado por Pipas, tanto as confeciona como ensina a fazê-las, além de contar histórias, sempre. Seu primeiro livro "Guardados do Coração", já esgotado, trabalha com memórias pessoais e contos de infância, além de trazer indicadores para "contação de histórias", expressão que cunhou nas oficinas que realizaram ele e a Professora Eliana Yunes, na Casa de Leitura que fundaram e dirigiram entre 1993 e 1996. O segundo, "Lembranças Amorosas" dialoga com os adolescentes e está na 2a. edição.

Nascido em Rio Branco - Acre, 1949, Gregório deseja nos dizer de sua experiência de brincar, cantar e contar historias, ponteando também com seus guardados, as imagens e as influências que se impuseram sobre a representação de seus vôos.


Apresentação:

A magia desse brinquedo permanece viva e colorida nas lembranças da infância, mesmo quando já se é gente grande. Soltar pipa remete a sonho, prazer e delicadeza. Assim é o trabalho de Gregório, que parece dar forma às fantasias, unindo cores e sonhos, fazendo, de um simples retalho, cuidadoso revelar de memórias e desejos.

São pedaços de fita, bordados, rendas, retalhos de chita, linho ou algodão, que vão ganhando novas formas e, magicamente, se transformando em belas pipas prontas a ganhar o céu. Se voam, é outra história, mas certamente permitem o vôo da imaginação e da alegria. Cada uma tem seu nome e é identificada por um momento especial, sempre contando alguma história vivida de fato ou na imaginação do artista.


Por que a Exposição?

Crescendo na convivência de sua avó, que conta histórias, costurando, tecendo, mantendo sempre as mãos em função, o menino desenvolveu habilidades manuais e aprendeu a bordar, costurar, cozinhar e a fazer origamis, além de contar histórias.

Essas "heranças" e o desenvolvimento de oficinas de pipas de papel propiciaram um processo de mão dupla, em que as histórias tecem pipas que também contam histórias.

Agora, com as pipas de tecidos bordados, botões e rendas, Gregório as inscreveu nas fissuras de seus textos, de suas histórias e de seu olhar sobre o mundo.

Desajeitadamente desvela os impressos e aguça o curioso dos mistérios do imaginário desse menino que quer, com a poesia, dar voz e voar fazendo escoar um acervo de discursos penetráveis e divertidos.

O acervo foi ficando tão vasto que veio a vontade de dividi-lo com outras pessoas, surgindo a idéia de fazer uma exposição de suas pipas de pano. Transmitir o conhecimento da confecção de pipas também tomou-se um objetivo, e Gregório passou a promover suas próprias oficinas de pipa de papel.

Por que não unir a confecção das pipas à "contação" de histórias? Estaria pronto um grande evento. E, enquanto faz uma pipa de pano, Gregório conta histórias, demonstrando, dessa maneira, como foram elaboradas as peças da exposição.

Para concluir, um Festival de Pipas de Papel! E os trabalhos de todos aqueles que participaram de sua oficina, expostos também, uma revoada de pipas.


Histórias de Pipas

Está com medo, tabaréu?
É linha de carretel.

Esse refrão soa mais ou menos como um grito de guerra entre os meninos pipeiros.

Armado com linhas protegidas por cerol, o empinador arrisca o corte no cruzamento de pipas no céu. O ritual é ainda freqüente no interior do Brasil e mesmo nos subúrbios das cidades grandes.

Remontando ao século XIII, na China, segundo alguns pesquisadores, a pipa servia para mandar para algum lugar notícias ou avisos.

De tão antiga, dizem até que foi um amigo de Platão o seu inventor. De tão mágica, foi retratada por pintores, como Velasques, ou transformada em desenhos para ornamentar azulejos e murais artísticos.

No Brasil, aparece trazida pelos portugueses, conta Câmara Cascudo, folclorista e pesquisador das tradições populares brasileiras. Fato é que o brinquedo ganhou nomes diferentes - arraia, cafifa, pandorga, papagaio em todas as partes do país.

Faz parte da infância de todo menino fazer e soltar pipa. Da escolha do bambu para montar as armações, passando pelas cores do papel de seda, selecionadas de acordo com os modelos desejados, há todo um processo de saberes que envolve instrumentos de trabalho e técnica na criação da pipa e arte de empiná-la.


Oralidade e Cidadania

"Somos aquilo que vamos adquirindo ao longo da vida." Os primeiros jogos, as brincadeiras, as cantigas, os contos, vão imprimindo em nós um pouco daquilo que vamos ser quando adultos. Não somos passivos diante das experiências e, incorporamos heranças, informações, transformamos, acrescentamos parte de nossa própria experiência e vamos construindo nosso jeito de olhar a nós mesmos e ao mundo.

As muitas histórias ouvidas na infância vão se constituindo em pequenos acervos que interagindo com nossas vivências, vão contribuindo significativamente para o exercício da crítica acerca das coisas que presenciamos e vão permitindo apurar nosso papel de cidadão. Não se trata de entender "a moral da história", mas de perceber que a leitura, o contar e ouvir histórias podem ser fortes componentes para formar o sentido da responsabilidade social em cada um de nós.

Mesmo diante da escrita o homem lia. Lia o mundo com seu olhar, com suas experiências sensoriais e, se utilizando da linguagem oral e das imagens, trocava idéias e refletia sobre tudo que o cercava. E mesmo com a escrita, continua se utilizando da palavra e das imagens para fazer suas observações e principalmente argumentar.

Não só falando ou contando histórias, mas ouvindo o outro contar também outras histórias, ouvindo a voz do outro, o homem partilha suas impressões sobre a vida e discute as questões que ocorrem à sua volta.

Vamos nos tomando cidadãos à medida em que, conhecendo a realidade que nos cerca, por meio da troca de histórias, da troca de notícias e de argumentos, adquirimos não só a sensibilidade necessária para perceber nossos acertos, nossos erros, os erros e os acertos do outro, mas principalmente a capacidade de intervir e transformar esta realidade."

Francisco Gregório Filho - Maio, 1998

Pensamento de Pipa
Pensamento de Papagaio


Como existem mãos que á terra me prendem
Consigo trepar a escada do céu.

E sempre que resisto ao vento
Os meus ombros estremecem
Pedaço a pedaço sinto-me afundar
No seio do céu.

Como existem mãos que à terra me prendem
A terra suspende-se nas minhas cordas.

Makoto Ooka


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