Apresentação

Ainda sem saber por quanto tempo a pandemia permaneceria entre nós e vivendo talvez um dos seus momentos mais trágicos, começamos o ano de 2021 assistindo à escalada de mortes e internações no norte do país, acompanhada do colapso do sistema de saúde na capital do Amazonas. Profundamente chocados e ainda sitiados em nossas casas, acompanhávamos as terríveis notícias e aguardávamos a autorização e a aprovação do uso emergencial das vacinas que estavam sendo produzidas naquele momento pelo Butantã e pela Fiocruz.

Como nada costuma ser resolvido facilmente nos últimos anos, fechamo-nos uma vez mais no nosso mundo dos pixels e continuamos trabalhando de casa. Assim, iniciamos o primeiro semestre de 2021 com as aulas ainda na modalidade remota. Também a Equipe do Núcleo de Memória precisou ficar mais tempo em conexão on-line. Todas as atividades universitárias se ressentiram. O campus da PUC-Rio seguiu vazio e triste.

Novamente, todos nos espantamos e sofremos com a continuação, em escala magnificada, da enorme perda de vidas humanas no planeta. E sentimos fortemente a partida dos muito próximos a nós, os do nosso entorno imediato, colegas, amigos e parentes.

A ampliação da cobertura vacinal no país – viva o S.U.S. – somada a medidas cuidadosas que os colegas em cargos de direção procuraram diligentemente conduzir para buscar evitar o contágio no campus, deu-nos mais segurança para a volta ao trabalho presencial, iniciada desde agosto.

O tão esperado retorno foi feito de forma cautelosa e gradual, à medida que a cobertura vacinal aumentava entre funcionários da Administração Central, centros, departamentos, institutos, núcleos e outros setores.

Compreendemos logo como o contato físico nos fazia falta! Ainda que contidos nos abraços e gestos, o simples fato de já podermos nos ver e de conversarmos presencialmente – alunos, professores, funcionários, colegas e amigos queridos – muitíssimo nos alegrou.

Aconteceu em agosto o primeiro evento acadêmico em formato híbrido – o colóquio intitulado A New Approach for Fighting Pandemics, realizado pelo Departamento de Matemática no Anfiteatro Junito Brandão com transmissão simultânea pela plataforma Zoom.

Também em agosto, deu-se uma nova etapa do Projeto de Inclusão Digital, aumentando a distribuição inicial de computadores e chips de dados para os estudantes em situação de vulnerabilidade social.

Foi indescritível ver a alegria com que os alunos do primeiro e segundo períodos, nos mais variados cursos de graduação, chegavam pela primeira vez à Universidade. Atividades como as aulas abertas no Anfiteatro Junito Brandão – iniciadas pelo Departamento de Comunicação Social e pelo Departamento de Letras, em novembro e dezembro – foram alguns desses importantes e breves momentos.

À medida que o segundo semestre transcorria, percebíamos o quanto os eventos acadêmicos e boa parte das próprias aulas regulares já haviam mudado em formato e em conteúdo. As duas modalidades – presencial e remota – acabariam coexistindo por mais tempo. Talvez, um pouco de tudo isso fique e um outro pouco se vá. Leiam o extenso registro do material que diferentes unidades da PUC-Rio nos enviaram sobre o ano de 2021 e tirem suas próprias conclusões.

Desde outubro de 2021, a Equipe do Núcleo de Memória iniciou a gestação coletiva do Projeto Memórias da Pandemia, a partir de muitas conversas e da ajuda sempre bem-vinda de colegas dos distintos departamentos. Apresentada a ideia na Assembleia Geral de fim de ano, só pudemos lançar o site (www.puc-rio.br/mdp) e o respectivo perfil no Instagram (instagram.com/memoriaspandemiapucrio) em junho de 2022. Nele recolhemos notícias, depoimentos e informações sobre as iniciativas da comunidade PUC-Rio no enfrentamento da pandemia da COVID-19. Experiências e sentimentos compartilhados permitem avivar a solidariedade entre nós.  

De certo todos fizemos muito, embora tenhamos sempre novos desafios pela frente. Aprendemos, com o longo período de enclausuramento e de rotina difícil nos picos da pandemia, a valorizar o simplesmente estar vivo, a cuidar das relações afetivas que construímos e a aproveitar intensamente o momento do tempo presente. É nele que caminhamos e nos reinventamos, para seguir esperançando com vontade.

Professor Marco A. Pamplona
em nome da Equipe do Núcleo de Memória